Não é a toa que as pessoas não
acreditam nos políticos e não querem participar das militâncias partidárias.
Rotineiramente nos deparamos com escândalos protagonizados por vereadores,
deputados, senadores, governadores, ministros, secretários, dirigentes
partidários, entre outros agentes públicos. Além disso, a filosofia dos
partidos vem sendo colocada em segundo plano. O que se pratica no executivo e
no legislativo, bem como as decisões que são tomadas por instâncias partidárias,
estão bem distantes do que é estabelecido pelos programas dos partidos. A luta
por ideais, princípios, valores dão lugar a busca desesperada por cargos,
portarias, prestação de serviços e poder. Ser de direita, de esquerda, de
centro ou progressista não significa nada quando pacotes de dinheiro chegam às
suas mãos. Políticos profissionais trocam de partido com mais frequência que
prostitutas trocam de cliente, seja ele radial extremista de esquerda ou da
direita liberal, jovem ou coroa, negro forte ou japonês baixinho, cheiroso ou
catinguento. O importante é acertar a conta no final.
Nesse salve-se quem puder, o que eu quero e garantir o meu lado, os
discursos são sempre os mesmos. Todos são do povo, são a favor da família,
querem uma cidade para o cidadão, vão fazer o governo da dignidade, lutam pelas
minorias, são defensores da natureza... Belos discursos, e só isso. Eu, Roberto
Noronha, estou cansado de ver indivíduos com ótimos discursos, mas que não
exercem sua cidadania plenamente, não participam dos debates nos devidos
lugares, como nos conselhos municipais, nos fóruns ou nas câmaras temáticas de
gestão pública. Ambientalistas, conheço muitos de discurso, mas na prática...
Tudo jogo de cena para esconder interesses particulares que buscam principalmente
poder e dinheiro. E a população, desatenta, acaba comprando estes discursos e depois paga a conta que não queria
pagar. Pior é ver isso acontecer dentro de instâncias partidárias. Pessoas
bem intencionadas (de discurso) cativam, conquistam, convencem companheiros
a entrar no barco da dignidade e alcançar rumos gloriosos (ou seria melhor usar
as palavras compram, negociam, fazem acordos, barganhas ou sociedade?). Um
grande espetáculo da filhadaputagem.
E isso acontece em todos os partidos políticos, garanto!
Diante desse cenário podre, em
que os políticos, de modo geral, são corruptos porque a sociedade, de modo
geral, também é corrupta, resta-nos a escolher: a) ser podre; b) ser omisso; c)
acreditar que podemos ser diferentes, melhores, e remar contra a maré? Você,
leitor, qual é a sua escolha? Eu já sei o que vou fazer: lutarei sempre por uma
sociedade melhor e mais justa, mesmo levando porrada e sofrendo derrotas. Para mim, a maior dor é a do silêncio. E o
maior prazer é dormir com a consciência tranquila.
Roberto Noronha
Biólogo