O Blog do Vinícius Peixoto "Política, Cultura e Juventude” foi concebido em Cabo Frio, Região dos Lagos como um espaço reflexivo e livre, onde são publicados textos, notícias, opiniões, crônicas, artigos, charges, tiras, entrevistas e comentários sobre um variado conjunto de temas.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O ficha limpa e a corda


Estas eleições se mostram uma ótima oportunidade de resposta da sociedade, um ato legítimo provocado pelo descaso, má fé e enriquecimento ilícito de muitos funcionários do povo --para o leitor, políticos corruptos. O cidadão já chegou ao seu limite, já não aguenta mais. A cada dia são mais denúncias de corrupção, no jornal, na TV, na internet -- onde vamos parar? Já estamos dormentes e imunes a tanta promiscuidade. É chulo, é podre, dá vergonha. Não vergonha de mim, mas de ver nosso imenso potencial sendo jogado fora por conta de uma minoria, esdrúxula. Hoje em dia, os que eram exceção viraram regra, ou seja, os que roubam e utilizam a máquina pública em proveito próprio são idolatrados e passam a ser exemplos comuns, e os honestos, exceções! É muito estranho --pelo menos para mim, essa idolatria e exaltação àquele que ROUBA MAS FAZ. Não podemos nos rebaixar tanto, pelo menos não deveríamos. Não acredito que a maioria seja assim, que meu povo seja assim. Quero acreditar que as pessoas tem discernimento para escolher. Há muita gente trabalhando e com vontade de mudar. Basta um pouco mais de percepção para enxergar que a maioria é dominada pela minoria --já dizia Vilfredo Pareto, o criador da teoria 20-80. No nosso caso, diria 1-99. Explicarei mais à seguir.


Vou contar uma história. Era uma vez... um circo. Neste, havia um elefantinho. Ele, mesmo muito pequenino, fazia parte do show, ficava rodando, brincando com uma bola e levantava a pata algumas vezes para que um homem deitasse embaixo dela. Desde criança, nosso amigo foi mantido preso, teve seu pescoço amarrado a uma corda, que foi pregada no chão. Como o elefante era muito pequeno bastava uma corda mediana para que ficasse imóvel. O elefantinho tentava se soltar, mas era muito fraco, chorava mas nada conseguia. Foram noites chorando e tentando se soltar. Assim ele foi crescendo, tentando sair, com todas as suas forças, mas não adiantava, ele ainda não tinha força. Então, este elefantinho desistiu --justamente quando estava ficando mais forte! Já adulto, com algumas toneladas, o elefante tinha muita força, era tanta força que poderia colocar o circo inteiro abaixo, mas não tinha vontade de mudar, de se mexer, de brigar para sair de onde estava. Nem ao menos vontade de tentar. Bastava aquela mesma cordinha, amarrada com o prego na ponta. O nosso amigo se sentia fracassado, e nem esboçava reação, já tinha se acostumado a ficar preso. Dava muita pena. Se aquele elefantinho soubesse a força que tinha, poderia sair do lugar, ficaria livre num piscar de olhos.


Uma das regras básicas contra a corrupção e abuso de poder é a não perpetuação do mesmo. Quanto mais tempo uma pessoa fica no poder mais é enraizado o sentimento de posse. Os ditadores juram que a cidade, o país e tudo que há, é deles. Não vejo nada de mais na nobreza inglesa, prefiro a de caráter. Falando em "nobreza", o Kadaf ficou no poder por mais de 30 anos. Mesmo no deserto Sírio, possuía uma mansão com uma grama verdinha, que daria inveja a qualquer Maracanã. Nesta localidade, só pode ter grama, ainda mais verde, quem tem muito dinheiro, pois a água é muito cara. Como ele conseguia tal proeza? Existia uma tubulação de água que dava direto na mansão. Então, no meio do deserto, uma única tubulação abastecia, somente o Sr. Presidente. Se fosse no Brasil nunca a PROLAGOS permitiria isso -- ou será que estou enganado? Pelo menos administrativamente acredito que não, abastecer tal lugar remoto daria prejuízo, na certa. Assim, mesmo não tendo nenhum atributo físico ou intelectual, sem ter ao menos sido votado para tal cargo --de forma democrática claro, o "cachorro louco", como era conhecido, foi um ditador impetuoso, mandou matar milhares de inocentes, cometeu inúmeras atrosidades, foi odiado por muitos e amado por alguns. Estes mesmos alguns que se beneficiavam dos seus esquemas, tinham cargos no governo, batiam nas mulheres, roubavam o pouco que os pobres guardavam e bebiam uísque importado, enquanto o povo miserável, pedia esmola aos seus opressores. Talvez este sentimento --pelo menos de alguns do povo, venha daqui, de ter sido sempre capacho, de ter sempre que pedir o pão a quem os ofendia, com mentiras na TV e abraços "de amigo" -- da onça. Ouvi certa vez que NUNCA devemos nos olhar pelos olhos dos nossos opressores. Isso é verdade, os donos do circo querem que pensemos que não podemos, os donos do circo querem que nos calemos, que fiquemos imóveis e paralisados, mesmo que não haja NADA nos segurando.


Uma das maneiras de diminuir essa "posse" é promover uma oxigenação, uma troca daqueles que ocupam funções no poder. Os prefeitos, vereadores, governadores, deputados, senadores e o Presidente(a) são funcionários, representantes do povo, somente. Estão ali hoje, mas poderão não estar mais. As pessoas ocupam cargos, elas não são o poder -- difícil de algumas pessoas entenderem isso! Quando ocorre esta oxigenação, fica mais difícil proliferar a tirania.


No Brasil, temos muitos exemplos. O Collor voltou, depois do impeachment virou Senador da República e Presidente do Conselho de Ética da casa -- by the way. O Sarney parece que "se apossou" da cadeira --"ninguém tasca ele viu primeiro". Enquanto isso, o Maranhão está cada vez mais pobre. Procurem o filme do Glauber Rocha: Maranhão 66, vocês ficarão boquiabertos, depois de tanto tempo o Maranhão permanece com o posto de uns dos Estados mais pobres do Brasil, com casas de muita grama verde! Como poderemos, enquanto nação, expurgar estes maus exemplos. Para mim, não deveria haver segunda chance para os condenados, dos que tiverem a ficha suja. Deveriam ser proibidos de exercer cargos públicos, um arakiri para quem não tem outro dom. Falo isso porque NINGUÉM tem uma segunda chance. Por exemplo, não têm segunda chance o doente que chega na emergência e morre na maca do hospital, aquele que morreu por falta de remédio --não vou falar nada dos que morrem de diarreia todo ano...estes não tem segunda chance, porque os principais causadores destas mortes teriam? Facínoras!


Um dos mecanismos --é óbvio que o primeiro é educação de qualidade para todos --eu sabia que você diria isso, é o ficha-limpa. Esta lei de iniciativa popular é uma ótima resposta ao problema da corrupção. Lógico que não é a única, mas ao meu ver, a mais imediata e potente. Um político ficha-suja DEVE, OBRIGATORIAMENTE, ficar de fora das eleições deste ano de 2012. Não podemos conceber que 99% da população seja controlada por 1% desta mesma.


O ficha limpa deve ser aplicado em todo território nacional. Está na hora dos agentes públicos perceberem que são a corda, e o povo, é o elefante. A única coisa que nos impede de sermos livres é: NADA. Basta levantarmos a cabeça que o que nos prendia será removido. Nossa postura enquanto maiores e melhores fiscalizadores de nós mesmos é nosso maior trunfo.


VOTE FICHA LIMPA!
NUNCA SE VEJA PELOS OLHOS DO SEU OPRESSOR!

Forte abraço,

Felipe Figueira
Pense grande! Para o alto e avante!