Sr. Presidente Deputado Roberto Henriques, Sras. e Srs. Deputados, com certeza os Deputados que compõem este Parlamento viviam a expectativa de iniciar a Sessão de hoje com o anúncio da decisão da Justiça de liberar, dar o habeas corpus a todos os 439 bombeiros militares que se encontram detidos por conta da mobilização da categoria aqui no Estado do Rio de Janeiro.
Lamentavelmente, a ausência da decisão nos entristece. Torna cada vez mais frio este Parlamento. São homens e mulheres que deveriam estar no exercício da sua atividade profissional, porque fazem falta nas praças, nas praias, nas ruas e, fundamentalmente, fazem falta às suas famílias, angustiadas que estão com esse momento que vivem.
Tive a oportunidade de visitar os bombeiros em Niterói, na Escola de Formação onde estão detidos. Quero dizer aos senhores que as condições em que 400 homens estão na quadra esportiva não pode se estender por muito tempo. O tempo já é demais. De dia, quando esquenta, lá dentro é mais quente. À noite, quando esfria, o frio é mais frio.
E nós não podemos permitir que a politização e partidarização do evento venham prolongar esse triste episódio. Lá dentro, conversamos com os profissionais bombeiros militares. Eles estão conscientes da justiça, do direito que defendem; e também estão conscientes de que nem tudo que se diz e que se faz, se diz e se faz com o intuito de ajudá-los. Como aqui já falaram alguns Deputados, como o André Corrêa e a Janira Rocha, a infiltração e manipulação política têm levado ao acirramento. Nós precisamos ter a postura - o Deputado Luiz Paulo disse a respeito, com muita propriedade, na Sessão da última terça-feira – a postura de conduzir o processo no sentido de que a primeira grande providência seja a liberação dos 439 homens trabalhadores, chefes de família, com endereço.
Depois discutiremos, politicamente, quem é quem nesse processo. É preciso que se pare de produzir fatos que dividam este próprio Parlamento, que dividam a luta. O Governo hoje tomou o gesto: a criação da Secretária, o anúncio de um reajuste que está aquém daquilo pleiteado e desejado, mas é um gesto que precisa ser manifestado e levado à mesa de negociação.
Precisamos evoluir; precisamos caminhar. Talvez aqui na capital, a dispersão de 439 no meio de uma multidão não dê para se sentir a angústia de um familiar. Mas, eu e o Deputado Sabino, como outros que vêm de base do interior, onde todos conhecem todos pelo nome, a origem de cada família, nós podemos falar da angústia, não apenas dos 439, mas que se multiplica por amigo, parentes, familiares, filhos, pais, mães. E isso há de ser algo a mobilizar; há de ser algo a nos sensibilizar para que, neste momento – todos, sem exceção – darmos um passo atrás para, depois, dar dois adiante.
Equívocos foram cometidos de parte a parte. O Governo admite que houve erro na condução e não há outro gesto da confirmação disso senão a imediata exoneração do Comandante Geral do Corpo de Bombeiros tão logo explodiu o movimento. Um outro flagrante dessa admissão é a criação, hoje, da Secretaria de Defesa Civil. É preciso, também, que cada um de nós, aqui neste Parlamento, admita. Não estamos em momento eleitoral; não podemos ter aí responsabilidade de usar toda essa situação como uma bandeira política neste momento: “quanto mais tempo durar o impasse, mais dígito aumenta a minha popularidade junto à opinião pública, mais tempo eu ganho de mídia, mais conteúdo eu tenho de discurso”. Não há de ser essa a tônica de nossa postura.
Aqui eu quero também fazer um reconhecimento que é feito também pelos Bombeiros Militares de Cabo Frio: o desprendimento e a dedicação da Deputada Janira em todo o episódio desde o seu nascedouro. A seriedade como tem se dedicado e conduzido. A serenidade e sensibilidade de poder avançar e de chamar à negociação. Muitos dos Deputados desta Casa têm tido postura semelhante, mas a postura da Deputada Janira tem que ser o referencial para a totalidade deste Parlamento.
Concluindo, mais uma vez quero registrar que, tristemente, estamos iniciando esta Sessão sem a liberação dos 439 bombeiros militares que ainda se encontram detidos.
Muito obrigado.