Acabou. Uma sensação de alívio e de conclusão toma conta de quem escreve. Nenhum sentimento de raiva ou desânimo. Nenhuma vontade de chorar pelo leite derramado – vale mais recomeçar a trabalhar para as próximas garrafas lácteas.
A política não acabou – acabou uma eleição, que na verdade nem acabou, pois Cabo Frio ainda depende da decisão do TSE – nós avisamos que os votos em Alair não iriam valer. Lembram-se? Fica a dica: há verdades ditas que não são verdades. Há verdades ditas que são tratadas como mentiras - mas são a mais pura verdade.
Independente da decisão da justiça, é preciso reconhecer duas coisas: a expressiva votação de Alair e a expressiva votação de Janio. Se fizermos uma conta fria, Janio teve 40.631 votos. Se os nulos somam 56,58%, juntando os votos de Alair com os “de fato” nulos, e se considerarmos o percentual histórico de 3% de nulos, teremos Alair com cerca de 53% dos votos válidos, o que lhe daria algo em torno de 58mil votos, já que tivemos quase 110mil votos válidos, excluídos os 1690 em branco.
É fato, assim, que a grande maioria da população quis Alair. E nem adianta dizer que os 18mil votos foram fruto de “compra de voto” e outras irregularidades. O povo votou, por suas razões, que podem ser sim, parcialmente, animadas pelas questões econômicas. Mas e daí? Votou – é o fato. Trabalhou bem a equipe do candidato. Soube ocupar as ruas, especialmente no dia da eleição. Não acredito que marketing e imagem tenham influenciado em seus votos – Alair é candidato há 4 anos, tornou-se uma marca e agregou cerca de 25mil votos a mais do que em 2008, fruto de algumas contas, dentro dos cerca de 40mil eleitores que não são fiéis a nenhum projeto ou grupo, dos quais boa parte migraram para sua candidatura por esses fatores.
Mas é fato também que se o povo escolheu Alair, o mesmo povo deixou claro que gosta – e muito – de Janio. Um Vereador que foi o mais votado da cidade em 2004, com quase 4mil votos, alcançou, em Cabo Frio, 7mil para deputado federal em 2006, 5mil para prefeito em 2008, 14mil para deputado estadual em 2010, e agora, alcança o patamar que ultrapassa os 40mil votos – mais do que recebeu Alair em 2008 menos de 8mil de diferença para o que recebeu Marquinho no mesmo ano. Um incansável, que percorreu mais de 400km por toda Cabo Frio, apertando todas as mãos e dando todos os abraços possíveis no povo que mostrou e provou amar. Da Gamboa, conseguiu traçar as articulações mais impensáveis e surpreendentes - do maior brasileiro da história, Lula, passando pela presidenta Dima, pelo Senador Lindbergh, Sérgio Cabral, Paulo Mello e tantos outros. Conseguiu reunir, em seu redor, há apenas 4 meses, pessoas separadas há décadas, pelo racha de um grupo que novamente se reuniu sob sua liderança, após 20 anos. Com 40 mil votos e um terço da população a seu lado, depois de toda essa caminhada, Janio só pode falar em vitória, ânimo e um futuro promissor, com um presente recompensado.
Também não adianta dizer que a possibilidade de anulação definitiva dos votos de Alair no TSE é um atentado à democracia, porque esta não se constrói apenas com a decisão da população, mas também com os preceitos do direito, que regram a sociedade e não a deixam cair na barbárie. Portanto, a lei é aliada, e não adversária da democracia. Caberá a ela escolher o novo prefeito de Cabo Frio.
Temo pelos que, derrotados, têm influenciado seu ganha-pão, sua vida financeira, sua família e seu sustento. Temo pelos que possam ser perseguidos pelos que desentendem o processo político e possuem mais sangue na boca do que miolos na cabeça.
Quanto a nós, permanecemos por aqui, cabeça erguida, trazendo nosso posicionamento político agora mais liberto das amarras eleitorais que assumimos com gosto, prazer e consciência de suas necessidades. Temos certa independência da estrutura política – empregos que, concursados, independem desse mundo. Não temos nenhum vínculo financeiro com a política. Fazemo-la porque amamos atuar nas ruas, nos bastidores ou nas redes (quais sejam) para alcançar uma cidade melhor. E aqui seguimos, querendo o mesmo que sempre quisemos.
A política não acabou – começa agora um novo processo, que terá seu ensaio em 2014 e sua conclusão em 2016. Se com Janio prefeito, um processo de renovação e trabalho. Com Alair prefeito, reconheceremos, desde já, seu forte apelo popular, devido à sua expressiva votação, e lhe faremos, sem dúvida oposição – mas com consciência, responsabilidade, e amor maior à cidade do que às nossas discordâncias com este ou aquele governante. Por aqui não haverá um posicionamento pseudo-imparcial. Aplausos aos atos benéficos para o povo e críticas aos que forem maléficos, sejam feitos por quem for.
Acabou a eleição. Os próximos passos serão: o julgamento do TSE, depois, a transição, depois, o novo governo. E cada realidade tem o seu jeito. Simples assim. Vamos olhar para frente e não perder “nenhum daqueles que nos foram confiados”. Vamos manter as amizades conquistadas e recuperar as perdidas. Vamos fortalecer um novo grupo que se forma, festejar os votos notáveis que tivemos e trabalhar para ampliá-los. Agora é assim. E algo muda, muda para melhor.
A todos os antigos e novos companheiros que aprendi a conchecer, amar e respeitar, o meu muito obrigado pelos dias, noites e madrugadas de luta e trabalho. Valeu cada papo, cada sorriso, cada discordância. Me orgulho muito de ter caminhado com quem caminhei e votado em quem votei. Um dia vamos olhar para trás e rir. Hoje, vamos olhar para frente e lutar.
Fonte: http://www.rafaelpecanha.blogspot.com.br
Comentário:
Concordo com tudo! Assim faço as palavras do Rafael as minhas...