Jânio acredita que pode ser prefeito com a invalidade dos votos de Alair Pedetista se mantém cauteloso sobre decisão do TSE a respeito de Alair ( FOLHA DOS LAGOS - 11.10.2012 )
Janio Mendes quebrou o silêncio e foi enfático: “ainda posso ser prefeito de Cabo Frio”. Depois de se calar diante da vitória nas urnas de Alair Correa, seu adversário na eleição do último domingo, Janio falou, em entrevista à Folha,sobre a expectativa pelo julgamento de Alair, seu futuro político e sobre a campanha, que resultou em 40 mil votos.
Orgulhoso, Janio destacou a limpeza com a qual fez sua campanha. “Não inaugurei obras, não distribui contratos, nem arranjei cirurgias. Fui às casas das pessoas, me apresentei, falei sobre meus projetos e pedi votos”, afirmou o pedetista. Confira a entrevista com ele:
Folha dos Lagos - Como você recebeu a derrota nas urnas, no domingo?
Janio Mendes - Eu recebi muito bem os 40 mil votos que recebi. Nós tivemos três meses de campanha contra oito anos de Alair. O tempo foi nosso maior inimigo. Além disso, a boca de urna foi muito forte, nunca houve nada na história de Cabo Frio com-parável a isso, nunca se despejou tanto dinheiro em uma eleição como no domingo. Eram práticas de milícia e tráfico de drogas. Nós vimos churrascos em portas de colégios, com carne, bebida e dinheiro para quem votasse em determinado candidato. E tudo isso sem intervenção dos órgão competentes.
Folha - E o que você espera do julgamento de Alair e do consequente cenário político da cidade?
Janio - Ainda é prematuro falar sobre o julgamento do TSE.
Folha - Mas você acredita que ainda pode ser prefeito, mesmo sem novas eleições?
Janio - Temos um entendimento jurídico que aponta para isso. No nosso entendimento as eleições não podem ser anuladas, para ter outra depois.
Folha - O que você tira de positivo da sua campanha?
Janio - Tudo. Foi uma campanha limpa, feita no campo das idéias, das propostas. Foi uma campanha marcada pela emoção e que levantou 43% do eleitorado. Acho que é o modelo para a construção de um novo momento da política na cidade. É o resgate da política.
Folha - Uma das marcas da sua campanha foi o porta a porta, onde você ia nas casas das pessoas pedir votos. Como foi isso?
Janio - Esse é o caminho futuro da política. As pessoas querem se sentir valorizadas. Não inaugurei obras, não distribui contratos, nem arranjei cirurgias. Fui às casas das pessoas, me apresentei, falei sobre meus projetos e pedi votos. Tenho a convicção de que sou um modelo novo para a política daqui.
Folha - Mas nem tudo foram flores nesse período eleitoral. Você também sofreu muitos ataques.
Janio - Nós fizemos uma campanha limpa, respeitosa, mas não recebemos o mesmo tratamento. Daí surgiram os boatos infundados, como a suposta prisão da minha esposa, a ação atabalhoada e irresponsável no mercado da Rute Schuindt, (candidata a vice na chapa de Janio) e a manipulação da minha fala em um CD, agredindo os evangélicos. Estes golpes baixos são marca registrada de quem não consegue disputar no campo das idéias.
Folha - Você acha que esse CD onde você suposta-mente ofende o público evangélico atrapalhou na sua campanha?
Janio - Na campanha não sei, mas no meu coração, entristeceu muito. Peço desculpas aos evangélicos por ter sido usado para agredi-los.
Folha - Você sabe quem foi o responsável pela divulgação deste CD?
Janio - Pergunte ao presidente da Câmara. Foi criado todo um aparato para isso. Tanto que logo depois da divulgação deste CD o site da Câmara foi tirado do ar. Dediquei os melhores dos meus dias à Câmara, não esperava isso daquela instituição.
Folha - Um dos canais de divulgação desses boatos foram os blogs. O que você pensa sobre a mídia alternativa?
Janio - A blogsfera ainda não possui o efeito desejado na nossa sociedade, mas interfere. Nós mesmos usamos isso (os blogs) na nossa campanha.
Folha - Sua aliança com o governador Sérgio Cabral e com o prefeito Marquinho Mendes deu ou tirou votos?
Janio - Deu votos. Um governador de oito anos (Marquinho completa oito anos de mandato em dezembro e Sérgio Cabral, seis) naturalmente tem desgaste, mas também tem aspectos positivos. É um risco que a gente corre.
Folha - Um dos pontos positivos de sua aliança com Marquinho pode ser enxergado na grande votação no Segundo Distrito. A que atribui isso?
Janio - A aceitação ao governo Marquinho, à rejeição ao nome de Alair e a minha dedicação às pessoas de lá.
Folha - Há aproximadamente cinco meses, quando estavam se definindo os candidatos, você disse que o importante era a polarização entre sua candidatura e a de Alair, independentemente do lado que os outros prefeitáveis escolhessem. Continua com a mesma opinião?
Nota: Os ex-prefeitáveis Silas Bento, Paulo César, Claúdio Mansur e Alfredo Gonçalves renunciaram e apoiaram Alair.
Janio - Essa composição favoreceu Alair. Ninguém é tão pobre que não tenha nada para contribuir.
Folha - Você gostaria de ter tido o apoio deles na campanha?
Janio - Tanto gostaria que busquei, mas eles fizeram a opção deles.
Folha - E hoje, você faria composição com algum deles?
Janio - Apoio você não rejeita. O que você tem que ter bem claro são seus objetivos e eu sei.