A necessidade de QUERER mudar
Por Felipe Figueira
Mudar nunca é fácil. Meu pai já dizia: “Não é só estalar os dedos, não! Tem que executar!” – sábias palavras. Há quem pense que querer é poder. Eu sou um dos que pensam assim –afinal, a Xuxa me disse! Mas o querer a que me refiro é o verdadeiro querer, é aquele que não aceita outra resposta se não o que se quer. Redundante? Para a maioria sim, para alguns a diferença é clara. Esse querer beira a obsessão, é de tamanha intensidade que tange a loucura, patologia dos sonhadores, dos visionários.
Há hoje, uma necessidade muito grande de mudar --TUDO! Reformular é mais do que preciso, é vital para nossa sobrevivência. É indiscutível, cada ano que passa fica mais difícil administrar as mudanças, sobretudo climáticas! É tanto “apagar de incêndio” que não sobra tempo para planejar, muito menos executar o necessário. Este é o ponto chave! Como conseguiremos mudar sem seguirmos uma lista de prioridades? E se conseguirmos nos organizar, cairemos na tentação de querer apagar todos os incêndios?
A mudança passa pela nossa capacidade de execução, que muitas vezes é bloqueada pela nossa ânsia de querer fazer tudo ao mesmo tempo. Muito se tem discutido sobre o regime de trabalho atual, onde profissionais trabalham até 14 horas por dia – vide Jorge Dória Jr. e Eike Batista. Como ganhar qualidade de vida sem perder produtividade?
A vida globalizada traz cada vez mais situações complexas e envolve um número cada vez maior de agentes. E para variar, ficamos cada vez mais teimosos, tentamos nos fechar ao novo -- um convite ao fracasso! Mas mudar para onde? E se o novo for pior que o velho? Ora, todo movimento, por menor que seja é digno de motivação e comemoração. É papel do professor, seja ele pai, avô ou técnico de futebol, empolgar o aluno, que dentro do seu potencial busque dar o seu melhor. Na atualidade carecemos de pessoas ousadas, motivadoras – salvo o Obama, que queiram essa mudança, e mais importante, que sejam capazes de promovê-la. Como é difícil!
A mudança começa em casa, mas passa necessariamente pela escola –lugar mais subversivo do planeta. Revolução de pensamento, é na escola, quisá na faculdade –hoje adormecida pelo “capitalismo marketeiro” que se tornou a indústria da educação privada, e “elefante preguiçoso mulato” – para se adequar as nossas raízes, que se tornou a faculdade pública. Politicamente correto é termos educação de qualidade para todos. Ainda não entendemos o que é realmente importante! Discutir termo politicamente correto no Brasil é piada! Existem coisas muito mais importantes do que decidir se o correto é Presidenta ou Presidente. Com educação de qualidade, com certeza a aluna não será uma estud-anta.
A necessidade de mudar o mundo hoje é na esfera ideológica, na filosofia de vida. Isso que é mudança. O pensamento coletivo, sistêmico e a garantia dos direitos individuais é pressuposto de uma sociedade organizada, democrática. O leitor pode estar se perguntando como promoveremos essa mudança. O começo da resposta é o descontentamento, o verbo é inovar! É a partir dele que o novo surge, que uma nova geração modifica o status quo. Agradeço aos políticos (salvo raríssimas exceções, mas MUITO raras mesmo) por isso. Devido ao descaso de TUDO (bem público) teremos uma geração que irá honrar a pátria, pois a geração atual não tem mais volta! Não vejo a hora de se aposentarem –pode ter certeza, tudo acaba! Até o Fidél Castro se aposentou! É melhor assim, todo mundo para casa! Deixem os competentes fazerem o trabalho!
Ora, somos um país jovem. Dom Pedro II ao proclamar a República tinha apenas 22 anos. A coisa só melhora quando o novo toma posse, precisamos de gente nova, de ideias novas. Chega de pensar como meu pai, meus avós! Isso não muda nada! Mesmo que o novo erre – e ele vai errar -- pode contar com isso, é melhor errar tentando acertar do que permanecer na inércia sem tentar.
Não podemos ter medo de errar, é errando que se aprende. Deveríamos ter um campeonato de quem erra mais –válido apenas para os novos porque os antigos já extrapolaram a cota! Todas as inovações tecnológicas são feitas na fase do amadorismo, do teste, do desconhecimento de quem está tentando. Os antigos não podem inovar, pois já passaram dessa fase de testes, não há mais erros por desconhecimento, todos os erros são intencionais! Os gregos tem um ditado: “erre o mais que puder e erre por muito, pelo menos se você acertar valerá a pena.” Há em todo processo uma curva de experiência, após alguns erros, os acertos começam a aparecer. É assim que acontece!
Os paradigmas da sociedade são novos e requerem cabeças novas, frescas, que proponham a mudança. Como eu vou querer que meu avô faça uma lei sobre autoridade intelectual na internet se ele não sabe nem abrir o email? Cabeças antigas já não tem o mesmo gás, já viram muito e pensam que nada vai mudar. Isso não é bom, desmotiva e mata os sonhos dos novos! Lembro-me de quando criança vinha à Cabo Frio e a Via-Lagos ainda era um projeto, as máquinas paradas a meses na pista. Minha mãe dizia que nunca iria sair do papel, que nunca iria ser terminado. Hoje em dia é uma realidade!
Há uma observação importante a fazer, a rebeldia é uma característica da personalidade, seja a pessoa nova ou com mais experiência de vida. Temos muito a aprender com nossos avós e pais, é fato. As pessoas mais rebeldes que conheço têm mais de 65 anos de idade, malham, checam emails e vão pra barzinho –todo final de semana!. Não é a idade que faz a pessoa, mas a cabeça!
O ser humano se desestimula com o tempo, pois nossas vidas são curtas para vermos os resultados das nossas ações. Eu por exemplo, só viverei 120 anos --pasmem, é muito pouco tempo para absorver tantas mudanças. Vivemos a era mais propícia de todas, a era da informação. Regimes caem, ditadores são depostos... por que não pensar que o Brasil pode mudar? Ainda sou muito novo para me aquietar, ainda existe muita mudança para promover!