"Se todos os livros sagrados da humanidade se perdessem, mas não O Sermão da Montanha, nada se teria perdido".
Mahatma Gandhi, a Grande Alma da Índia e do Mundo
“Ouviste o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder no tribunal. Eu porém, vos digo. Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, terá que responder no tribunal. Aquele que chamar ao seu irmão “cretino” estará sujeito ao julgamento do Sinédrio. Aquele que lhe chamar “louco” terá de responder na geena de fogo. Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ou oferenda ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferenda ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e depois virás apresentar a tua oferta. Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário enquanto estás com ele no caminho para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e assim sejas lançado na prisão. Em verdade vos digo, dali não sairás enquanto não pagares o último centavo”.
A velha lei, a lei mosaica, tratando de um estado anterior e inferior da consciência humana, preocupava-se com as coisas externas, as ações.
Mestre Jesus vem aperfeiçoar a lei, chamando a atenção para seus aspectos mais internos. Assim, a agressão verbal e os sentimentos de cólera também são condenados.
A essência da mensagem do Mestre Jesus é que o homem interno deve ser mudado. E não que o homem simplesmente deve se abster de certas ações externas. Esse mandamento, passa a expressar o respeito à vida no seu sentido mais amplo. Ele indica o ideal que é expresso nas tradições orientais como ahimsa, a inofensividade em ações, palavras, emoções e pensamentos.
Voltemos agora nossa atenção para a expressão: “aquele que chamar o seu irmão de louco terá que responder na geena de fogo”.
Isso parece um castigo demasiado pesado. Vocês acham que tal castigo, por uma mera palavra insensata, é compatível com a compaixão divina? Ter que responder na geena de fogo, no inferno, pois esta era a expressão que os judeus usavam para representar o que nós, cristãos, chamamos de inferno.
No entanto, assim como o reino do céu é um estado de consciência, a geena de fogo, o inferno, também é um estado de consciência, não é um lugar lá no fundo da terra onde o fogo queima por toda a eternidade.
Na verdade é um estado de consciência em contraste com o reino dos céus: o reino dos céus é um estado de consciência de união que leva à bem-aventurança.
O inferno é um estado de consciência de desunião, de separatividade que leva ao sofrimento. Então, é nesse sentido que devemos entender que aqueles que xingam os seus irmãos, que demonstram cólera, estão acionando forças que vão reverter contra eles, através da lei de causa e efeito, causando-lhes sofrimentos psíquicos compatíveis com a ofensa causada. Então o castigo é perfeitamente linear, estando de acordo com a justiça divina.
Verificamos também, nessa passagem, a ênfase que Mestre Jesus dá ao estado de consciência interior. "Quando alguém for levar uma oferenda ao altar e se lembrar que um irmão tem alguma coisa contra ele, deve voltar e procurar se reconciliar com o seu irmão."
Os judeus davam muita ênfase aos atos de adoração, tanto nas sinagogas como no templo. Nos sábados e feriados, deviam oferecer sacrifícios, levando oferendas como gado, ovelhas, pombas, incenso, parte de sua colheita, o famoso dízimo.
Portanto, levar oferendas ao altar estava muito entranhado na cultura judaica, era o elemento central do ritual de devoção. No entanto, Mestre Jesus chama atenção que se alguém estiver engajado em algum ato de devoção externa, mas se lembrar que algum irmão tem algo contra si, muito mais importante do que o ato de devoção externa é a atitude de harmonia interna, de reconciliação, de amor.
Por: Anônimo Saccas