O Blog do Vinícius Peixoto "Política, Cultura e Juventude” foi concebido em Cabo Frio, Região dos Lagos como um espaço reflexivo e livre, onde são publicados textos, notícias, opiniões, crônicas, artigos, charges, tiras, entrevistas e comentários sobre um variado conjunto de temas.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

DUNAS DO PERÓ: PATRIMÔNIO DA SOCIEDADE DE CABO FRIO, REGIÃO DOS LAGOS, ESTADO DO RIO E DE TODOS OS BRASILEIROS


Prezados,
Não sou especulador imobiliário, não me considero ambientalista, sou Professor do Departamento de Geografia e Pesquisador do Laboratório de Geografia Física da Universidade Federal Fluminense. Sou pesquisador na área da Região dos Lagos desde 1992.

Conheço a legislação vigente em meu país, principalmente a legislação ambiental. Posso afirmar que o que se determinou (pelo empreendedor em conjunto com órgãos ambientais do estado do Rio de Janeiro) em relação ao destino da Planície Costeira do Peró é o maior exemplo de desprezo pela legislação ambiental que já presenciei.

Afirmo ser este o maior exemplo de descaso com a conservação do Patrimônio Ambiental da Região dos Lagos que é de todos que vivem, visitam, pesquisam e desfrutam da Planície Costeira do Peró.

Formada por um conjunto único e integrado de dunas, vegetação fixadora de dunas, brejos e vegetação de restinga (mata atlântica); a planície costeira do Peró, eu diria que, por obra do acaso, ficou preservada, até o presente, de todo o processo de ocupação da Região dos Lagos.

Até o presente não, pois com a bênção de licenciamentos ambientais emitidos no apagar das luzes de 2012 (28/12/2012), sem qualquer critério técnico, mas talvez político, permitiu a iniciativa de degradar Áreas de Preservação Permanente (APPs) para implantação de condomínios, hotéis, resorts e outras formas de ocupação, que deveriam e poderiam ser construídas em outras áreas.

Este licenciamento permitiu em curto espaço de tempo a reativação de antigas dunas fixadas por vegetação, deflorestamento, construção de estradas e aterros na área da planície do Peró, alterando de forma dramática aquela área.

Particularmente, não sou contrário a estes empreendimentos, o que me moveu a escrever esta carta está relacionado ao fato que os empreendedores e governo do Estado do Rio de Janeiro não permitem ou aceitam a realocação do empreendimento (para não danificar uma das poucas áreas preservadas da região).

Áreas próximas ao aeroporto formadas por antigas salinas - degradadas em termos ambientais - apresentam as melhores condições para receber estes empreendimentos. Desta forma estes hotéis, resorts e toda a sorte de infraestrutura cumpririam seu papel de recuperar áreas danificadas.

O governo do estado e os empreendedores não mostram nenhuma sensibilidade à procura de novas áreas. Sugerindo o dano ao meio-ambiente, a fragilização da legislação ambiental, a perda de recursos naturais e de serviços ambientais como resultados deste empreendimento.

Peço, portanto, a resistência da sociedade ao empreendimento Costa do Peró - que se iniciou com a benção do órgão do estado do Rio de Janeiro – e que parem com a destruição autorizada de APPs, realizadas sem qualquer critério técnico."


Por Guilherme Borges Fernandez / Laboratório de Geografia Física – LAGEF / Instituto de Geociências – Universidade Federal Fluminense